quarta-feira, 22 de outubro de 2008
LAMERICA
Clothed in sunlight
restless in wanting
dying of fever
Changed shapes of an empire
Starling invaders
Vast promissory notes of joy
Wanton, willful & passive
Married to doubt
Clothed in great warring monuments
of glory
How it has changed you
How slowly estranged you
Solely arranged you
Beg you for mercy
(Jim Morrison)
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Jim Morrison,
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sexta-feira, 17 de outubro de 2008
«BALANÇA DE MINERVA – AFERIÇÃO»
Destina-se esta secção à crítica dos maus livros e especialmente à crítica daqueles maus livros que toda a gente considera bons. O livro, consagrado por qualidades que não tem, do homem consagrado por qualidades com que os outros o pintaram; o livro daquele que, tendo criado fama, se deitou a fingir que dormia; o livro do que entrou no palácio das musas pela janela ou colheu a maçã da sabedoria com o auxílio dum escadote – tudo isto se pesará na Balança de Minerva.
Claro que a razão do título Balança de Minerva é a circunstância de Minerva não ter balança nenhuma. Vagamente absurdo, leva este título em si a definição dum modo-de-ver que escolhe o onde opor-se a todos para ter razão inutilmente. A consciência do esforço inútil do trabalho perdido ainda é uma das grandes emoções estéticas que restam a quem se preocupa com as coisas que ainda restam.
A crítica, de resto, é apenas a forma suprema e artística da maledicência. É preferível que seja justa, mas não é absolutamente necessário que o seja. A injustiça, aliás, é a justiça dos fortes. No fundo, isto é tudo bondade. Dizer mal dum livro é o único modo de dizer bem dele. Se é mau, faz-lhe justiça; se é bom põe-o na evidência que os livros bons merecem. E, no fim de tudo, nada disto tem importância, porque os livros bons leva-os a História ao colo para casa. E quanto aos maus, criticar é apenas abrir-lhes a cova e rezar-lhes em cima da última descida o latim que falava Juvenal. Às vezes é com sete pás de elogios que esta justiça mortal melhor se sela.
A justificação última da crítica assim bem entendida é o satisfazer a função natural de desdenhar, função tão natural como a de comer e que é de boa higiene do espírito fazer cuidadosamente. Quem sente vontade de desdenhar não deve atar-se à cobardia de julgar isso feio, nem vender-se à infâmia de ir desdenhar o que os outros desenham, abdicando assim da sua individualidade, gregário.
As horas passam devagar e pesa em tédio a consciência delas. Buscar o conforto no desprezo é não só o nosso dever para com o desprezo, mas também o nosso dever para com nós próprios. Espetar alfinetes na alma alheia, dispondo esses alfinetes em desenhos que aprazam à nossa atenção futilmente concentrada, para que o nosso tédio se vá esvaindo – eis um passatempo deliciosamente de crítico, e ao qual juramos fidelidade.
Traduzindo isto para a metáfora que dá cor a esta secção, pretendemos dar a entender que o nosso uso da Balança de Minerva limitar-se-á, na maioria dos casos, a dar com ela – pesos e tudo – na cabeça do criticado. Isso, de resto, não deve preocupar a ninguém. Quem tiver de ser imortal pode sê-lo mesmo com a cabeça partida. O ser imortal é a única das preocupações anti-sociais que não faz mal a ninguém. E visto que o futuro raras vezes dá por ela, não é de mais que o presente algumas vezes nela dê.
Fernando Pessoa, Prosa Publicada em Vida, “Sobre Arte e Literatura”.
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sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Tempo
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
As Núpcias
"Caminhamos ao encontro do amor e do desejo. Não buscamos lições, nem a amarga filosofia que se exige da grandeza. Além do sol, dos beijos e dos perfumes selvagens, tudo o mais nos parece fútil. Quanto a mim, não procuro estar sozinho neste lugar. Muitas vezes estive aqui com aqueles que amava, e discernia nos seus traços o claro sorriso que neles tomava a face do amor. Deixo a outros a ordem e a medida. Domina-me por completo a grande libertinagem da natureza e do mar."
Albert Camus - As Núpcias
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