domingo, 14 de junho de 2009

Abre olhos.........

Por favor, quem ainda não viu, veja. Um verdadeiro abre olhos pra muitos.
Os mais informados adorarão o tom indignado da narrativa, Zeitgeist e Zeitgeist, Addendum estão disponíveis na internet. Aqui estão os endereços:http://video.google.com/videoplay?docid=-1437724226641382024 , http://www.zeitgeistmovie.com/add_portug.htm

segunda-feira, 23 de março de 2009

Versos da bela adormecida


Lá longe, muito longe, ai muito longe!, ao fundo
De areias e gelos do cabo do mundo,
Depois de ralos, aflições, suores, dragões, ciladas, perigos,
E bosques tenebrosos, antigos, antigos,


Sonhei que ela me espera, adormecida
Desde o começo da vida,
Nua, deitada sobre as tranças de oiro,
Guardada para mim como um tesoiro.


Sonhei que um nimbo argênteo a veste,
Raiando o céu de norte a sul, de leste a oeste,
E que sobre ela paira o silencio profundo
Dos gelos e areias do cabo do mundo…


No seu lábio, um sorriso ainda transido
Ficou, como na boca das estátuas, esculpido,
Esperando, talvez, para raiar,
Que ela suba as pestanas devagar…


Vi uma vez, em sonhos vi, que as pálpebras se erguiam,
Sim, devagar…, sim, devagar…, e que os seus lábios me diziam,
Estendidos para mim:
_«Chegaste?, chegaste enfim?!»


E eu soluçava: _«Sim, sou eu…!
«Mas tu…, és tu, bem tu, Porta do Céu?!
«És tu, ou não és mais que mais uma miragem
«Das tantas que encontrei pela viagem?


«Ai, que de vezes já supus que te possuía
«Em uma imagem que afinal era vazia, era vazia!
«E que longe, afinal, te não te venho encontrar,
«Que passei ermos, passei montes, passei pegos, passei mar…»


Foi isto em sonhos. Acordado, eu perguntava:_«Que farei?
«Aonde… a que longe irei,
«Para que vos atinja, ó silêncios sem fundo
«De areias e gelos do cabo do mundo?


«Anjos, demónios, serafins de asas de lanças, e cabelos
«De chamas e serpentes aos novelos,
«Génios que em sonhos guiais!:
«Já me não bastam sonhos! Quero mais.


«Quero, através seja de que desertos,
«Chegar a ver, com olhos bem despertos,
«O resplendor que sei que a veste,
«Raiando o céu de norte a sul, de leste a oeste…»


Assim falei. Ninguém, porém me mostrou ter ouvido.
Meu grito, além, extinguiu já perdido…
E eu morro deste ardor, que nada acalma,
Com que aspiro debalde à minha própria alma.

quarta-feira, 18 de março de 2009

O Mundo da Meia-Noite



Quero fugir, um dia
Para o mundo da meia-noite
Onde as trevas invadem tudo
e o ar é gelado,

Onde ninguém tem um nome,
Onde a vida não é um jogo,
Esconderei lá o meu coração partido
Que para sobreviver, morre.

Ninguém me poderá ver chorar, ali,
as lágrimas da minha solitária alma;
Encontrarei paz de espírito,
no frio e escuro mundo da meia noite.



Minako "mooki" Obata,
da banda sonora de "Black Lagoon"

Traduzido por HornedWolf


Imagem "On a midnight voyage",
Chris Berens

sexta-feira, 6 de março de 2009

Zeitgeist





Eu não tenho de vos dizer que as coisas estão más. Toda a gente sabe que as coisas estão más. O dólar compra tudo, os bancos fazem a festa. Os donos das lojas teem armas por debaixo dos balcões. Os miudos tornam-se cada vez mais selvagens. Não parece haver alguém que saiba o que fazer, e não ha como acabar isto. Sabemos que o ar está impróprio para respirar e a comida imprópria para comer. Mas sentamo-nos a ver as nossas TV's enquanto alguns jornais locais nos dizem que hoje houveram 15 homicidios e 63 crimes violentos como se fosse assim que devia ser! Nós sabemos que as coisas estão más, piores que más. Estão doidos. É como se tudo em todo o lado estivesse a endoidecer, e não saimos mais à rua. Sentamo-nos em casa e lentamente o mundo em que vivemos vai ficando mais pequeno. E tudo o que dizemos é «por favor, ao menos deixem-nos sozinhos nas nossas salas de estar. Deixem-me ficar com a minha tostadeira e a minha TV e eu não digo nada. Deixem-nos em paz!» Mas eu não vos vou deixar em paz. Eu quero que enlouqueçam! Não quero que protestem, nem que se revoltem. Não quero que escrevam ao vosso congressista porque não saberia dizer-vos o que escrever. Eu não sei o que fazer sobre a depressão, a inflação, os russos e o crime nas ruas. Tudo o que sei é que primeiro tens que enlouquecer! Tens que dizer «Sou um ser humano, raios partam! A minha vida tem valor!»



Zeitgeist

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A Poesia






"Até aos nossos dias, a poesia seguiu um caminho errado: elevando-se até ao céu ou rojando-se até à terra, menosprezou os princípios da sua essência e foi, não sem razão, constantemente ridicularizada pelas pessoas honestas. Não foi modesta, que é a qualidade mais bela que deve existir num ser imperfeito. Eu quero mostrar as minhas qualidades, mas não sou tão hipócrita que esconda os meus vícios. O riso, o mal, o orgulho, a loucura, hão de surgir, alternadamente, entre a sensibilidade e o amor pela justiça e servirão de exemplo à estupefacção humana: cada um se reconhecerá aí, não tal como deveria ser, mas tal como é. E talvez este simples ideal, concebido pela minha imaginação, venha a ultrapassar, no entanto, tudo o que a poesia encontrou até aqui de mais grandioso e de mais sagrado. Porque, se eu deixar transpirar os meus vícios, todos acreditarão melhor nas virtudes que faço resplandecer e cuja auréola porei tão alto que os maiores gênios do futuro hão de testemunhar, por mim, sincero reconhecimento. Assim, pois, a hipocrisia será expulsa, decididamente, da minha morada. Haverá nos meus cantos uma imponente prova de poder por desprezar assim as opiniões herdadas. Ele canta só para ele e não para os seus semelhantes. Ele não coloca a mediada da sua inspiração na balança humana. Nos seus caminhos sobrenaturais ele atacará o Homem e o Criador, com vantagem, como quando o espadarte crava a sua espada no ventre da baleia: maldito seja pelos seus filhos e pela minha mão descarnada aquele que persiste em não compreender os cangurus implacáveis do riso e os audaciosos piolhos da caricatura."

Isidore Ducasse

The Before-Life

Are uxe‘ ojer tzij
waral K‘iche‘ ub‘i‘.
Waral
xchiqatz‘ib‘aj wi
xchiqatikib‘a‘ wi ojer tzij,
utikarib‘al
uxe‘nab‘al puch rnojel xb‘an pa
tinamit K‘iche‘
ramaq‘ K‘iche‘ winaq.



"Eles juntaram-se na treva para pensar e reflectir. Foi assim que vieram a decidir qual o material correcto para a criação do homem."

Popul Vuh

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Dean Koontz




"Poucos dos clientes no bar e nas mesas, ou de pé junto às paredes, conversavam. A maioria estava carrancuda e silenciosa, não por a música atordoante dificultar as conversas, mas porque pertenciam à nova vaga de juventude alienada, alheios não só à sociedade em geral, mas uns aos outros. Viviam convencidos de que nada, excepto o gozo, interessava, e de que nada valia a pena falar, de que eram a ultima geração de um mundo a caminho da destruição, sem futuro. Conhecia outros bares neopunks (...) Muitos dos outros adaptavam-se ao gosto de pessoas que se divertiam todas da mesma forma: alguns dentistas e contabilistas adoravam pôr botas de fabrico manual, jeans desbotados, camisas de quadrados e grandes chapéus e ir para um bar rústico, pseudo-oeste, armados em cow-boys. Em Rip It, não se lia disfarce nos olhos de ninguém (...) Alguns procuravam qualquer coisa que transcendesse a violência e o sexo, sem ideia nitida de quê."
Dean Koontz